Softly

A perspectiva sob o ponto de vista de uma mulher em que o amor pode tornar-se cruel e o sexo...doce.

16 dezembro 2006

Amabilidade!

(Continuação)

Depois de me despedir das minhas amigas e do Artur, o aniversariante, entrei no carro e saí dali. Liguei o rádio mas não consegui ouvir qualquer música tal era o ruído que os meus pensamentos faziam. Estava cansada, os pés doíam-me e estava com raiva de mim mesma por deixar que as coisas fossem assim tão fáceis, para um homem. Saquei de um cigarro, bati com ele na caixa e acendi-o. Que estúpida que fui! Mas que se passa na minha cabeça? Nada! Não tens nada na cabeça mulher! – pensei eu. Isto está pior do que penso! Só com uns beijitos e fiquei logo pronta para…e agora? Agora é esquecer e passar adiante!
Ia consumida entre pensamentos de culpa e pensamentos de libertinagem quando ouvi um ruído seco seguindo de um persistente de metal a roçar no asfalto e não sei porquê imaginei o carro a desfazer-se, peças a saltarem...tive receio que o meu carro fosse explodir e encostei. De onde vinha aquele barulho? Parecia vir de trás. Ufa. Não era no motor logo não ia explodir. Mais aliviada sai do carro e fui inspeccioná-lo…um furo na roda traseira direita. BONITO! Agora como é que me desenrasco?
Olhei para os condutores dos outros carros que passavam mas nenhum fez o mínimo sinal de que ia abrandar para ajudar uma mulher em dificuldade.
- Oh raios! – disse eu em voz alta para ninguém – isto não deve ser muito complicado! Acho que tenho ali um livro de instruções! Fui ao porta-luvas do carro, tirei o livro e pelo índice cheguei a mudança de pneus.
- Hum! Ora bem! Tirar o macaco… – Abri os olhos para ver melhor o desenho. – Macaco? Onde será que isso está? Debaixo do tapete…- Abri o porta bagagens e quando ia a levantar o tapete parou um carro à frente do meu. – Ai que bom…ajuda, finalmente! – Pensei eu.
- É melhor pôr primeiro o triângulo…e depois ponha o colete que eu ponho o meu! - ordenou o condutor do outro carro.
Eu estava de boca aberta. Era o Nuno. Tinha parado para me ajudar. Ele riu-se quando me viu com o livro na mão. Ia para o mandar embora mas olhei para o furo e lembrei-me que podia desenrascar-me sozinha mas iria levar muito tempo...se é que conseguia de todo…e cansada estava eu! Aceitei a ajuda e fiz o que ele tinha acabado de dizer. Triângulo, colete, macaco, roda. Observei com atenção o que ele fazia para não me ver numa situação idêntica sem pelo menos saber como o fazer sem a ajuda do livro.
- Isto não é muito difícil. É preciso uma certa força para desatarraxar os parafusos e voltá-los a apertar bem…mas de resto…- disse ele conciliador fazendo um trejeito com a cabeça.
Eu sorri. Que mais podia fazer? Ele estava a ser de grande valia e num instante tinha feito o que eu demoraria umas duas horas a fazer. Depois dele acabar dei-lhe um lenço de papel para ele limpar as mãos e agradeci-lhe. Ele sorriu-me, olhou-me nos olhos e respondeu: de nada, temos que nos ajudar uns aos outros. Foi, talvez, a maneira como o disse...de repente ele não me pareceu tão palerma como o tinha achado antes.. Num impulso disse-lhe que tinha que lhe pagar uma bebida um dia destes! Para compensar a tua amabilidade!
-Sim claro, eu iria gostar muito! Mas agora tenho de ir! Precisas que te acompanhe a algum lugar?
-Não obrigada! Agora já me desenrasco! Obrigada!
-Então vou nessa…Xau!
- Xau! – respondi eu sem saber que mais dizer e deixando-o afastar-se.
Ele tirou o colete dele entrou no carro e partiu. Eu fiz o mesmo, liguei o motor e fui direitinha a casa. Os sentimentos de culpa que me tinham assolado anteriormente tinham desaparecido. O rapaz até era simpático.
(Continua...)
By Ana